IGREJA DE SANTO ANTÓNIO
História
Doutor da Igreja, santo popular, padroeiro secundário de Portugal e de Lisboa, é esta a sua casa por excelência, porque edificada sobre o lugar do seu nascimento.
Provavelmente, uma primeira ermida, ou um simples nicho, terá sido edificado pouco depois da rápida canonização de Frei António. Embora as primeiras notícias referentes à capela remontem apenas ao início do século XV, na Casa de Santo António funcionava a Câmara de Lisboa desde 1326, situação que se manteve até 1753. Em 1433, recebeu o privilégio da dependência directa da Santa Sé, ficando isenta da jurisdição ordinária. No século XVI, foi fundada a Confraria de Santo António, que tinha entre os seus membros os vereadores municipais. Apesar de o edifício ter perdido a função de sede camarária, é ainda hoje propriedade municipal, como que assinalando a íntima ligação entre o povo lisboeta e o seu Santo António.
Em 1495, D. João II ordena a reconstrução do templo, para que tivesse maiores e mais condignas dimensões, campanha que continua já sob o reinado de D. Manuel I. Constantemente cuidada pela cidade e pelos monarcas, no reinado de D. João V receberá uma campanha de obras e ganhará colegiada própria em 1730. Depois de destruída pelo Terramoto de 1755, salvando-se apenas a capela-mor, a nova igreja foi construída entre 1767 e 1812; o projecto coube a Mateus Vicente de Oliveira. Para a reedificação foi essencial não só o empenho do Senado, mas de todo o povo de Lisboa, particularmente das suas crianças, que então pediam pelas ruas «um tostão para Santo António», tradição que se manteve até aos dias de hoje.
Exterior
No largo fronteiro, encontra-se uma imagem do Santo inaugurada pelo Papa São João Paulo II em 1982, obra de Soares Branco. A igreja é antecedida por uma escadaria em leque que compensa o desnível da rua. A fachada, mais complexa e decorada do que a das demais igrejas pombalinas, merece a atenção do visitante.
No corpo anexo do lado esquerdo, pode-se visitar o Museu Antoniano, onde se expõe um espólio diversificado de objectos ligados ao Santo.
A fachada lateral sul, que acompanha o declive da subida, apresenta uma decoração de gosto neoclássico. Sob a última janela, uma lápide inscreve o breve do Papa Pio VI concedendo indulgência plenária a quem visitar esta Casa de Santo António.
Interior
O tecto do nártex tem pintado o brasão com as armas portuguesas e as da família Bulhões. O espaço interior é vibrante de luz e cor. No extenso tecto do sub-coro, surge um medalhão com os atributos do orago - cruz, livro e lírios -, que se repetem várias vezes. No coro, o órgão, encomendado em 1872, é de origem inglesa.
No centro da igreja, a cúpula oferece uma abundante iluminação natural. Sob esta, os mármores embutidos do chão do cruzeiro são particularmente cuidados, configurando padrões geométricos.
A tela do retábulo do lado do evangelho da nave é possivelmente do século XVI, representando Santo António com as feições mais autênticas que se conservam (conhecida como a “vera efígie do Santo”), convocando grande devoção. Nos topos do transepto, dois altares de cada lado com retábulos em talha um pouco mais cuidada contendo telas da autoria de Pedro Alexandrino de Carvalho: do lado do evangelho, a Assunção de Nossa Senhora e a Natividade; do lado da epístola, o Pentecostes e o Calvário. Repare-se ainda, junto ao altar da vera efígie, na caixa de esmolas do «Pão de Santo António», que consubstancia uma antiga tradição caritativa inspirada nos milagres do Santo.
No retábulo do altar da sacristia, podemos contemplar uma boa tela de Bruno José do Vale, em que se representa a Sagrada Família com São João Baptista.
A visita completa-se descendo ao coração e motivo de existência desta Casa: a cripta que assinala o lugar de nascimento de Santo António. Visitada por São João Paulo II, é um espaço simples, propício à oração ante o altar e a relíquia que aí se encontram.
Capela-mor
Tal como a nave, a capela-mor mostra abundância de cores e luz. O retábulo é marcado por dois pares de colunas e por um trono com baldaquino e talha dourada na tribuna. Ao centro, ergue-se a bela imagem de vulto de Santo António, em madeira estofada e pintada, que sobreviveu ao Terramoto de 1755. A ladeá-la estão as imagens de São Vicente e São Sebastião.